No distante ano de 1896, São Manuel possuía mais de 400 residências e uma população de dois mil habitantes, fora os moradores da zona rural, em crescente colonização. Foi quando o proeminente cidadão Eliakim Tavares Ferrão sugeriu a criação de um estabelecimento hospitalar para atender os doentes, dando-lhes abrigo e tratamento. A sugestão foi lançada em manifesto subscrito pelo próprio Eliakim e por outro importante cidadão, o Dr. João Nogueira Jaguaribe.
Muita gente contribuiu, com áreas de terra, carros de pedras e dinheiro. Os organizadores da campanha pleitearam uma verba junto ao então Congresso do Estado, de cinco contos de réis, mas não foram atendidos naquele momento. Não esmoreceram e conseguiram a verba no ano seguinte. Foi então fundada a Irmandade de São Vicente de Paulo, cujos componentes chegaram a percorrer o município, a cavalo, de trote ou a pé, para conseguir donativos.
Uma sensível queda no preço do café em 1897, que causou sérios reflexos na economia local, fez com que a obra fosse protelada. Até 1903, quando os confrades realizaram uma assembleia na Igreja Matriz local, presidida pelo Dr. Luiz Augusto Teixeira de Assumpção, tendo os presentes concordado em reiniciar a coleta de donativos e dar ã organização o nome de Casa Pia São Vicente de Paulo.
A primeira Diretoria da entidade foi assim constituída: Luiz Augusto Teixeira de Assumpção (presidente), José Augusto Pereira de Rezende (vice-presidente). João Paulo Correa de Oliveira (secretário), Frederico de Motta Macedo (tesoureiro) e Manuel Garcia Braga (provedor). Foi aberto um “Livro de Ouro”, que obteve contribuições que somaram quarenta e um contos e duzentos mil réis.
No dia 9 de agosto de 1906, deu-se a inauguração dessa casa de assistência. Consta que o primeiro paciente foi Constantino J. Mattos, com afecção broncopneumonia. Ele recebeu alta após treze dias de internação.
A direção hospitalar foi entregue ao Dr. Joaquim Baptista da Costa, um médico benfeitor que residia nesta cidade desde o ano de 1892. Compunham o corpo clínico os médicos Dr. Godofredo Wilken. Dr. Cincinato Pamponet, Dr. Ernesto Crisciuma de Figueiredo, Dr, José Augusto Pereira de Rezende, Dr. Júlio Attílio Salarolli e Dr. Braz Imparato.
Sucedendo ao Dr. Joaquim Baptista da Costa, assumiu o cargo de diretor o médico pediatra Dr. Gentil Pacheco, sendo posteriormente substituído pelo Dr. Nilo Lisboa Chavasco, eminente cirurgião.
Com a transferência para São Paulo do Dr. Luiz Teixeira de Assumpção, foi eleito para o cargo o senhor José Manuel Pupo e, na provedoria, o senhor Sebastião Cosme Pedroso. Estes, e, 1917, decidiram entregar o serviço de enfermagem às irmãs de Caridade da Imaculada Conceição, que por muitos anos trabalharam em nosso hospital.
A cidade ia crescendo e o hospital foi se tornando pequeno. Em 1929 o então provedor Mário de Aguiar Pupo, contando com o apoio de Eliseu Augusto Teixeira, Luiz Chiaradia e Carlos Schmidt de Barros, membros da direção, lançou novo apelo à população e aos donos de lavouras, solicitando nova contribuição para ampliar a casa de saúde. A campanha foi bem-sucedida e o sonho de fazer uma grande ampliação tornou-se realidade.
Orçado em Cr$ 1.200.000,00, ocupando uma área de 80 a 50 metros, em alas de três pavimentos, projetados gratuitamente pelo engenheiro Dr. Luís M. Resende Puech, com obras administradas também graciosamente pelo Dr. José Alves Aranha, aos 18 de outubro de 1931, procedeu-se o lançamento da pedra fundamental, sendo sua construção executada pelos arquitetos Gennarino Di Lello e Francisco Michele, com o antigo prédio sendo demolido paulatinamente, dando lugar às novas obras.
Ao longo dos anos, foram muitos os são-manuelenses, de nascimento ou de coração, homens e mulheres, que colaboraram com o nosso hospital. Num espaço reduzido como este, não poderíamos citá-los a todos. Mas podemos sim, registrar um profundo agradecimento a esses beneméritos colaboradores, em nome de toda a comunidade são-manuelense.