O sítio arqueológico de São Manuel, um dos mais novos do Brasil, foi descoberto às margens do Rio Tietê, na área rural de São Manuel (SP). Os objetos, encontrados durante um estudo de impacto ambiental para a ampliação da área da Usina São Manoel, foram feitos pelo homem há 11 mil anos, dizem pesquisadores. A recente descoberta pode até mudar a teoria sobre a chegada dos humanos à América.
Os pesquisadores escavaram o solo em onze diferentes pontos em até dois metros de profundidade. Eles encontraram instrumentos de caça e de uso doméstico utilizados por povos que viveram na Era das Pedras. O material foi produzido com silexito e arenito de silexificado, nomes de rochas originais do Centro-Oeste Paulista.
Para saber a data em que os objetos foram feitos, os pesquisadores enviaram amostras de carvão que estavam junto com o material para um laboratório nos Estados Unidos e o resultado surpreendeu os arqueólogos. De acordo com o estudo, as datas aproximadas de fabricação dos artefatos são de entre 9 a 11 mil anos atrás. O mais antigo foi encontrado a uma profundidade de 1,7 metro da superfície do solo. O menos antigo estava 1,10 metro de profundidade. O arqueólogo Lucas Troncoso explica que o achado é importante porque pode provocar uma mudança na teoria sobre a chegada dos humanos à América. A teoria mais aceita é a de que os humanos vieram da Ásia, atravessaram o estreito de Bering e entraram no continente pelo norte, até chegarem à América do Sul.
Os estudos poderão mostrar que esses povos possam ter vindo de outros lugares como a Oceania ou África. “A gente pode até chegar a pensar que a
entrada dos homens pelo estreito de Bering se deu antes das datas que sabemos, mas é possível também que eles podem ter vindo pelo Pacífico e atráves do Atlântico vindos da África”, afirma o arqueólogo Lucas de Paula Souza Troncoso.
O estudo do sítio arqueológico Caetetuba será aberto à comunidade. Os historiadores vão divulgar o resultado da pesquisa aos alunos da rede pública de ensino em cidades da região. “A gente está preparando um material didático que vai acompanhar esse material de campo que vai chegar e vamos montar uma exposição que vai receber alunos, professores e a comunidade em geral de Botucatu, São Manuel, Igaraçu do Tietê, Pratânia e Areópolis”, explica a historiadora Daniela Dionízio.
Na época o levantamento arqueológico foi feito a pedido da de açúcar e etanol que vai expandir a área de cultivo de cana. O estudo faz parte do protocolo para o licenciamento da área exigido pelo Instituto do Patrimônio Histórico Cultural e Artístico Nacional. E ninguém por aqui imaginava que ao lado das lavouras, havia tanta história escondida debaixo da terra.
“Para nós é um bom exemplo de preservação e cuidado do capital econômico do setor privado junto ao patrimônio histórico, que é muito relevante nesse sentido. E foi uma grande surpresa a gente ter encontrado um artefato datado de 11 mil anos”, conta o gerente administrativo, Silvio Nicoletti.